quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Arte cheia, arte vazia.


O prefácio

Veio
E me veio com intensidade
Disse-me que seria muito gratificante ver flores no Capibaribe
Eu as vi
Por um instante
Um instante com o qual poeta nenhum faria uma rima
Porque a arte nasce da tristeza
E está morta na felicidade
A felicidade faz-se arte em si
Arte curiosa

A arte da felicidade não é a mesma arte do artista
Aquela subsiste de frases tolas e de gestos coincidentes
Esta é real
Profunda
Forte por fazer do Capibaribe um cão sem plumas


A origem

Muitos idos, outros vindos
Os idos pioneiros guiam-se com o coração na mente
Os idos nunca vão mortos, ainda que já estraçalhados
Os vindos novos são como a primeira ida
Estão frescos, mas só têm coração...
E este age em si e por si
Os vindos de novo perecem no momento mesmo em que reconhecem a futilidade e a fugacidade da arte da felicidade,
Matam-se
E tornam-se...
Uns, simplesmente, ocos
Outros ocos e ativos e cheios de qualquer coisa: os mais resistentes

Aquele que morre a cada verso descobriu a fatalidade da felicidade na arte
É um viciado
Na dor daqueles que riem
Na profundidade de tudo o que parece raso
No molhado das águas
No óbvio

O durante

Ora cheios de tudo
Ou vazios pelo tudo
Ora cheios de nada
Ou vazios pelo nada... dias de pressão

São bobos, motivos de escárnio
Porque buscam todo um alfabeto,
Um livro
Numa palavra de quatro letras
Porque as flores lhes parecem ser feitas do mesmo material das armas...
A diferença é que, enquanto Ela tem cheiro gostoso, a outra trai e, por isso, atrai
... E então Deus fez espinhos crescerem nas flores

Amam e odeiam
Não,
Sim, o segundo verbo não ganhou vida senão para atacar os verdadeiros loucos




O depois
...

Não há um fim
...
Por Natália Cavalcanti de Albuquerque.

(Poesia inacabada)


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